20 de dezembro de 2012

Sobre limpeza da casa e comida japonesa


Paola encontrava-se furiosa com o irmão, preguiçoso e mal-humorado, passava quase todo seu tempo livre comendo e dormindo, quase nem falava com ela, motivo maior da fúria, depois é claro, do atraso para buscá-la no aeroporto.
Na tentativa de por ordem na casa, por vezes correu atrás do gato de Otávio tentando dar-lhe um banho, sem sucesso resolveu simplesmente limpar a casa já que havia notado a falta de vontade do irmão para encontrar alguém que o fizesse.

Algum tempo depois, parada no centro da sala Paola respirava frescor, entretanto ao se olhar no espelho constatou que a casa não foi nada comparada com o trabalho que teria para limpar as unhas e alisar o cabelo. Correu para seu quarto e analisou seu batalhão de cremes cujo título variava entre brilho, liso perfeito e pontas duplas. Após alguns minutos segurou um, pensou melhor e escolheu o primeiro que havia olhado.
Paola agora com o cabelo envolto a uma touca azul de bolinhas brancas, esperava seu creme milagroso fazer efeito enquanto deixava as unhas de molho e falava com a mãe ao telefone.
Em fim, ao tirar as cutículas resolveu tomar banho. Uma hora e meia depois saiu do banheiro já seca, com o cabelo devidamente alisado, maquiada e com as unhas pintadas em um tom de rosa alaranjado com uma pitada de vermelho (segundo o que a vendedora da loja que o comprara havia dito), D.I.V.A era a palavra que ela usaria agora para se descrever.
Andando de um jeito sexy quase podia ouvir ao fundo o som de "uma linda mulher". Na verdade podia mesmo, o vizinho de baixo havia se excedido em uma de suas festas gay's, mas nada importava. Ao se olhar no espelho do quarto, Paola fez caras e bocas, poses de modelo e até algumas mais... Quentes.
Pediu comida japonesa e preparou a mesa, queria fazer as pazes com o irmão por mais que ainda não fosse com sua cara, na menor das hipóteses conseguiria com sua fofura e talvez até com algumas lágrimas, se a situação ficasse complicada, conseguir que o irmão pagasse uma empregada.
Quando em fim Otávio chegou do serviço, parado mais uma vez na porta quase voltou para trás. Talvez tivesse entrado no apartamento errado, pensou, mas ao confirmar o número do lado de fora adentrou. Correu para seu quarto e viu sua cama devidamente forrada, seus travesseiros afofados e roupas dobradas. Quem sabe ele dormiria ali novamente.
Ao entrar na cozinha deparou-se com Paola que sorria para ele, fazendo com que o irmão mais velho entrasse em alerta, aquilo vindo de mulheres não era bom, não quando se encontrava a casa toda arrumada. Sua antiga empregada o olhava da mesma maneira ao fim do mês, e ela queria dinheiro.
— Sente-se - Disse Paola ainda sorrindo - temos comida japonesa!
— To vendo - falou hesitante.
— E ai, estou bonita? - Indagou.
— Normal - Falou Otávio enquanto percebia sua barriga roncar.
— Normal? Como assim NORMAL?
— Ué, por quê? Pra mim você está normal! Isso não é bom?
Paola apertando suas mãos sobre as pernas, torcia-se por dentro, tentou contar até dez, entretanto sem sucesso disparou:
— Eu limpei esse chiqueiro, passei o dia todo esfregando entre as frestas dos azulejos. Fui arranhada por aquele gato nojento e mesmo assim mandei lavar aquela toalha cheia de bactérias que você usa. Ao fim do dia resolvo me arrumar, me arrumar para tentar me reconciliar com meu irmão, sabe, até ignorei os pelos que você deixa no sabonete, as coçadas no saco e tudo mais, e você vem falar que eu estou NORMAL? Não, isso não é bom! - Bufou enquanto levantava-se dando uma última olhada rancorosa para o irmão antes de fechar-se em seu quarto.
Otávio deu de ombros e desfrutou da comida japonesa, Paola havia acertado em cheio. Ao fim da refeição sentiu-se mal, não custava nada mentir para irmã.
Deitou-se em sua cama e sem sono apenas a desarrumou, correu para o sofá e somente lá se sentiu confortável, entretanto não pegou no sono.
Resmungando, tirou seu telefone do bolso e iniciou uma chamada. Recontratou a empregada. Otávio podia não entender as mulheres, mas não era burro. Ao fim da ligação sorriu enquanto escutava mais uma vez seu gato quebrar um copo pulando na mesa de centro, não importava, estava feliz por fazer a irmã surtar por mais algum tempo antes de descobrir o que ele havia feito.

2 comentários:

  1. a história parece tomar rumos interessantes pena q fica difícil acompanhar já q tu quase não posta nada...

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkk prontoparei =X
      Prometo estabelecer um dia de postagem da web

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